13 de agosto de 2014

Nápoles, a menosprezada



Que Nápoles é suja e de trânsito caótico é de conhecimento público, mas encontrei diversas opiniões desencontradas quanto a cidade merecer dias de visita. A maioria delas era desfavorável a Nápoles. Por via das dúvidas, com tantos lugares interessantes para escolher, excluímos Nápoles do roteiro exceto para servir como base para Pompeia e visitar o Museu Arqueológico Nacional. No entanto, tínhamos um dia curinga, um domingo, que seria utilizado para ir de Nápoles à Costa Amalfitana e, portanto, poderia ser usado para visitar Nápoles e ir ao fim do dia à nossa base na Costa (que era Sorrento, a pouco mais de 1h de distância) ou ir mais cedo e gastar esse dia na Costa.

Acabou que não conseguimos visitar o Museu Arqueológico Nacional de Nápoles junto com Pompeia, no sábado, e a manhã do domingo foi dedicada a essa visita. Por isso, ficou mais fácil escolher visitar Nápoles e ir ao fim do dia para Sorrento. O arrependimento foi não ter passado mais dias em Nápoles, pois adoramos o lugar.

O triste é ver Nápoles, com tantos lugares interessantes na cidade, estar mal cuidada, parece não ter fundos nem a preocupação. Lembra um pouco o Brasil nesse aspecto. Dizem que é por causa da máfia italiana, tão forte na região.

Nápoles tem uma história bastante interessante. Ela é atualmente a capital da Campânia, um estado do sul da Itália. Essa região foi inicialmente colonizada pelos gregos e depois conquistada pelos romanos, vindo a fazer parte do Império Romano. Com a mudança da capital do império para Constantinopla, bem mais distante do que Roma, muitas foram as ameaças contra o Império, que acabou se esfacelando em dois: o do Oriente e o do Ocidente. Enquanto o do Oriente estava preocupado com as invasões dos infieis (os sarracenos), o do Ocidente estava se preocupando com as invasões bárbaras. Com a influência do papa, Roma conseguiu sobreviver, sofrendo eventuais saques. As cidades do norte eram mais fortes e muitas conseguiram manter certa liberdade, como Florença e Veneza. O sul da Itália, porém, ficou fragilizado e logo foi vítima dos ataques bárbaros, sendo conquistada pelos normandos e vindo a constituir o que seria conhecido como Reino da Sicília (posteriormente dividido em Reino de Nápoles, parte continental, e Reino da Sicília, que continha a ilha). Por conta de casamentos entre as famílias, esse reino foi passado para as mãos do Sacro Império Romano. Disputas seguintes envolveram  a França e a Espanha, que, por motivos diversos, acreditavam ser os donos do lugar. Somente com a inclusão ao Reino da Itália, no século 18, foi interrompida a história de guerras para o controle local.

Nápoles é fácil de se localizar. Vc provavelmente chegará pela estação principal de trem, vindo de Roma. Dela sai uma avenida principal, a Corso Umberto I, que vai dar no litoral, onde fica o Castel Nuovo. Próximo à estação fica a região central, mais antiga, cheia de igrejas, assim como o Museu Arqueológico. Próximo do Castelo ficam as atrações da nobreza: os castelos, os teatros, galerias... Existe um metrô que vc pode utilizar, mas é possível também ir a pé, o que é mais interessante se vc for ver vários pontos no caminho. Se o seu interesse, por exemplo, é só o Castelo Nuvo e não passar por nenhuma igreja no caminho, considere pegar o transporte público.

Tirando o passeio ao Museu Arqueológico Nacional, que vc pode ver mais aqui, a nossa caminhada nos levou às seguintes imagens, que nos fizeram apreciar Nápoles:

Nápoles é uma cidade histórica e, de repentemente, vc se bate... com os muros de defesa da cidade.

Os prédios têm um quê diferente das demais cidades italianas e são muito bonitos.


Como toda cidade italiana, Nápoles tem muita motoca.

Nápoles tem muita pichação também.


As igrejas de Nápoles são mais sóbrias.

O interior das igrejas de Nápoles, no entanto, é muito bonito.


Ladrilhos de uma das igrejas: olhem que primor!

Os afrescos do interior de uma das igrejas de Nápoles.

Nesse detalhe, é possível perceber melhor como não é muito bem cuidado o tesouro cultural da cidade.  Ele também mostra um fato curioso: na Idade Média muitas pessoas riscavam/apagavam a cabeça dos demônios das figuras.

Os tetos das igrejas também tinham rica decoração. Olha que interessante: é pintado um olho dentro do triângulo, símbolo que representa o "olho de Deus, que tudo vê" e que posteriormente foi muito utilizado pelos maçons.

Galeria Umberto I.


Igreja San Francesco di Paola, na Piazza Plebiscito.

Castel Nuovo.


Detalhe da entrada do Castelo.



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