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Teto em um dos quartos do papa Bórgia. |
Mapa do Vaticano
Os Quartos de Bórgia (nº 22 do mapa)
Apesar de serem chamadas de câmaras privadas, apenas parte dessas salas abrigavam a vida pessoal do papa Alexandre VI (1431-1503), como a cama, as áreas de convivência e a ala do tesouro; o restante consistia em espaço para acontecimentos oficiais. Na área privativa apenas um pequeno número de pessoas podiam entrar. Convidados do alto escalão conseguiam um quarto de hóspede nessa área, como o rei francês Carlos VIII da França.
A decoração desses quartos foi meticulosamente arranjada e é esplendorosa, estando entre as que mais colocou afrescos nas paredes, com temas cristãos e mitológicos. Para cria-la, o papa convocou o pintor Pinturicchio com uma carta a Orvieto que explicava a razão por que a catedral da cidade teria seu término adiado - na época, Pinturicchio estava completando seus trabalhos em Orvieto. O papa Bórgia era afamado por muitas razões, e uma delas era o fato de ser patrono das artes. Muitas vezes utilizou métodos arrogantes - como nessa vez - para trazer os melhores artistas para o Vaticano.
Esses quartos consistem de seis salas e ante-salas, sendo que cinco foram decorados por Pinturicchio e sua escola. São eles: Sala dos Mistérios da Fé (Sala dei Misteri della Fede), Sala dos Santos (Sala dei Santi), Sala das Artes Liberais (Sala delle Arti Liberali), Sala do Credo (Sala del Credo) e a Sala das Sibilas e dos Profetas (Sala delle Sibille e dei Profeti). O único não decorado por Pinturicchio foi a Sala die Pontefici.
A Sala dos Mistérios da Fé apresenta cenas da vida da Virgem Maria: Anunciação, Nascimento de Cristo, Adoração dos Magos, Ressurreição de Cristo, Ascensão de Cristo, Descida do Espírito Santo no Pentecoste e Assunção da Virgem. As cenas ocorrem em áreas externas, tendo como pano de fundo obras arquiteturais extravagantes e mostrando o talento de Pinturicchio como pintor de paisagem.
A Sala dos Santos mostra cenas das vidas dos santos Catarina, Bárbara, Susana, Maria, Isabel, Sebastião, Antônio e Paulo, assim como herois do Velho Testamento (Davi e Judite), com figuras clássicas (Hércules e Netuno). Também está ilustrada a lenda de Ísis, Osíris e Apis, fazendo alusão ao mito da fundação da dinastia Bórgia.
A Sala das Sibilas e Profetas profetizam o futuro reino de Cristo com imagens de sibilas e profetas.
A Sala das Artes Liberais contém personificações femininas das sete artes liberais: retórica, música, aritmética, geometria, astronomia, lógica e gramática. O teto é dedicado à virtude da justiça e há ilustrações de várias cenas de julgamento da história clássica e Velho Testamento.
A Sala do Credo mostra 12 apóstolos acompanhado de profetas do Velho Testamento.
Em todas as salas, entre os desenhos, observam-se alusões aos Bórgia (tanto o brasão da família está lá quanto ilustrações da lenda de Ísis se transformando em boi).
No segundo episódio da primeira temporada da série de TV Os Bórgia, é possível ver Pinturicchio pintando uma amante de Rodrigo Bórgia, sua filha Lucrécia e um dos quadros da Sala dos Mistérios da Fé.
Em todas as salas, entre os desenhos, observam-se alusões aos Bórgia (tanto o brasão da família está lá quanto ilustrações da lenda de Ísis se transformando em boi).
No segundo episódio da primeira temporada da série de TV Os Bórgia, é possível ver Pinturicchio pintando uma amante de Rodrigo Bórgia, sua filha Lucrécia e um dos quadros da Sala dos Mistérios da Fé.
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A Ressurreição de Cristo, Pinturicchio (1492-1494), na Sala dos Mistérios da Fé. |
Os Quartos de Rafael (nº 19)
O que são hoje conhecidos como os quartos de Rafael foram as alas privadas dos papas Júlio II (1503-1513), Leão X Médici (1513-1521) e Clemente VII Médici (1523-1534). Apesar de ter sido decorado recentemente por Pinturicchio, Júlio II escolheu não utilizar os mesmos quartos do seu mau afamado antecessor Alexandre VI. Perugino e Luca Signorelli foram contratados para decorar as salas. Eles já tinham completado os afrescos das salas quando Rafael se juntou a eles em 1508, aos 20 anos. Júlio II ficou tão entusiasmado que ordenou a destruição de todo o trabalho de pintura das paredes de Perugino e Signorelli para que Rafael pintasse, tendo permanecido apenas o teto da Sala do Fogo, a pedido de Rafael.
Nessas salas, as pinturas ilustram eventos históricos (acredita-se que pelos assistentes de Rafael). Para homenagear os pontífices como patronos das artes, estão ilustrados também os brasões de suas famílias e os próprios pontífices em personagens históricos.
O Quarto de Constantino
Essa sala tem ilustrações da vida de Constantino, o primeiro imperador cristão de Roma (Batalha da Ponte Milviana, Batizado de Constantino, Doação de Constantino e Visão da Cruz). O quarto mesmo era usado para audiências semi-oficiais e festas dos parentes dos papas.
O Quarto da Assinatura
Essa sala era usada como escritório e biblioteca particular, embora eventualmente fosse usado em encontros eclesiásticos. Os afrescos mostram a teologia, filosofia, poesia e justiça como os pilares do cristianismo e cada um está representado por modelos femininos. Abaixo de cada um existe um afresco. O mais famoso de todos é Escola de Atenas, abaixo da Filosofia. Ela representa um encontro idealizado entre acadêmicos e artistas do mundo clássico, Idade Média e Renascimento e constitui uma das maiores obras de Rafael. Estão representados nessa pintura o arquiteto Bramante, Platão, Aristóteles, Pitágoras, Euclides, Heráclitos (com as feições de Michelangelo) e ele mesmo (como um observador).
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Escola de Atenas, Rafael (1509-1510). |
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Quem é quem na Escola de Atenas. |
O Quarto de Heliodoro
Essa sala era utilizada para audiências particulares com o papa e sua decoração tinha como objetivo relembrar aos importantes convidados do poder de Deus como protetor dos papas. O nome Heliodoro vem de um dos afrescos, que mostra a expulsão de Heliodoro do templo, evento do Velho Testamento em que Deus defende o patrimônio da igreja. Os demais afrescos mostram A Libertação de São Pedro da Prisão, O Encontro de Leão, o Grande, com Átila e O Milagre de Bolsena, que mostra o milagre de 1263 que levou o papa Urbano IV a instituir o Corpus Christi.
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A Expulsão de Heliodoro do Templo, Rafael (1511-1512). |
O Quarto do Incêndio no Borgo
Esse foi o último quarto a ser pintado por Rafael. Tem diversas referências ao papa Leão X, mostrando cenas históricas dos papas Leão III e Leão IV, que assumem a feição de Leão X. Estão aí representados O Incêndio no Borgo (mostra o incêndio que acometeu Borgo, um distrito de Roma, em 847; Leão IV é mostrado parando as chamas com o sinal da cruz); A Coroação de Carlos Magno (ocorrido em 800 por Leão III); O Juramento de Leão III (este estava sendo acusado de adultério e teve de jurar a Carlos Magno que era inocente); e A Batalha de Ostia (mostra a vitória do papa Leão IV, junto com armadas de Nápoles, Amalfi e Gaeta, sobre os sarracenos).
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