Contos do Forasteiro: Desvendando os Museus do Vaticano: a Capela Sistina

A Capela Sistina, em toda a sua glória.

Mapa do Vaticano

A Capela Sistina (nº 25 no mapa)

Embora seja famosa principalmente pelo teto, pintado por Michelangelo, todo o conjunto (arquitetura, pintura e decoração interior) é uma obra-prima que teve a participação de diversos artistas ao longo de mais de um século de trabalho. Seu nome deriva do papa que a construiu, Sixto IV (1471-1484). A capela foi inaugurada em 1483, mas poucos anos depois apresentou rachaduras na nave. Isso forçou o papa Júlio II a reestrutura-la e em 1508 encarregou Michelangelo de pintar o seu teto, que o fez com temas do Livro do Gêneses. A capela é dedicada à Assunção da Virgem e originalmente a parede do altar apresentava um afresco com esse tema até ser substituído pelo feito por Michelangelo O Último Julgamento. Nas outras paredes também existem afrescos com autoria de importantes pintores das escolas toscanas e úmbrias do século XV: Boticelli, Perugino e Signorelli.
Para quem vê do altar, a parede à direita mostra cenas da vida de Moisés e, à esquerda, cenas da vida de Jesus.Tem também uma série de retratos papais.
É utilizada até hoje para missas em feriados religiosos importantes, cerimônias papais especiais e eleição de novos papas.

Os afrescos das paredes laterais da Capela Sistina

De Perugino: A Jornada de Moisés, O Batizado de Cristo e Cristo dando as chaves a São Pedro

Cristo dando as chaves para São Pedro, Pietro Perugino (1481-1482).

De Sandro Boticelli: Cenas da Vida de Moisés, As Tentações de Cristo, A Passagem pelo Mar Vermelho e Punição dos Rebeldes

De Domenico Ghirlandaio: O Chamado dos Apóstolos

De Cosimo Rosselli: Descida do Monte Sinai, Sermão na Montanha e A Santa Ceia

De Luca Signorelli: O Testamento e Morte de Moisés

Testamento de Morte de Moisés, de Luca Signorelli e Bartolomeo della Gatta (1481-1482).

De Hendrick van der Broeck: A Ressurreição de Cristo

De Matteo da Lecce: A Disputa pelo Corpo de Moisés

O Teto da Capela Sistina

O teto da Capela Sistina foi finalizado por Michelangelo em 1512 após quatro anos de trabalho. O conjunto de pinturas, escultura, relevos e arquitetura parece abrir a capela para o céu.

No ponto mais alto, em uma banda central, estão 9 cenas do Gêneses e da história de Noé. Diferentemente dos afrescos nas paredes laterais, cheios de gente, Michelangelo foca em poucos personagens em cada ilustração, tornando-as, consequentemente, mais monumentais.

A sequencia de cenas começa na parede do altar com A Criação, seguida da Queda do Homem, 3 cenas de Adão e Eva no Paraíso incluindo a criação de Eva e termina com 4 cenas da vida de Noé.

Os famosos Ignudi (nus masculinos) enquadram cena sim, cena não, com papel ornamental. Fora da banda central, estão ilustrados os profetas e as sibilas. Estes, como representantes do Velho Testamento e da antiguidade pagã, profetizam a chegada de Cristo.

Nos quatro cantos do teto, estão ilustrações de histórias do Velho Testamento, incluindo Judite e Holofornes e a batalha de Davi e Golias.

Teto da Capela Sistina.

A Separação da Luz e do Escuro, Michelangelo Buonarroti (1508-1512).

Criação dos Corpos Celestes e Vegetação, Michelangelo Buonarroti (1508-1512).

Separando as Águas da Terra, Michelangelo Buonarroti (1508-1512).

A Criação de Adão, ou A criação do Homem, Michelangelo Buonarroti (1508-1512).

A Criação de Eva, Michelangelo Buonarroti (1508-1512).

A Queda e Expulsão do Paraíso, Michelangelo Buonarroti (1508-1512).

O Sacrifício de Noé, Michelangelo Buonarroti (1508-1512).

A Inundação, Michelangelo Buonarroti (1508-1512).

A Embriaguez de Noé, Michelangelo Buonarroti (1508-1512).

Uma das sibilas.

Um dos profetas.

Parede do Altar: O Último Julgamento

Esse afresco trouxe muitas polêmicas. Uma delas era a representação de Cristo como um homem jovem, musculoso, sem barba, sem aparência sofredora, pelo contrário. Uma mão está elevada e corresponde ao movimento ascendente dos salvos, ao contrário da outra mão, abaixada e acompanhando o movimento descendente dos demais. Jesus olha para os condenados, enquanto a Virgem volta seus olhos para os salvos. A Virgem Maria é a única figura santa totalmente vestida.
São Bartolomeu apresenta sua pele solta em referência ao seu esfolamento enquanto vivo e crucificação de cabeça para baixo na Armênia. Acredita-se que a sua pele morta seja um auto-retrato de Michelangelo.