2 de dezembro de 2014

Dirigindo (e alugando o carro) nos EUA



Se vcs têm me acompanhado no blog, sabem que meu esposo não tem carta de motorista e eu tenho uma - que não foi usada por 12 anos até fevereiro deste ano! Com a viagem à Toscana, em maio, forcei-me a enfrentar a insegurança que tinha para dirigir e colocar as mãos no volante. Fiz 10 aulas de direção, aluguei o carro no Brasil uns dois dias diferentes e, voilá, enfrentei a Toscana. Pois foi uma ótima experiência, sem traumas violentos, e que me estimulou a manter a disposição para dirigir nas férias caso fosse preciso. Só não imaginava que seria tão cedo!

Não tinha mais pegado no carro, afinal, quando iria precisar de novo? Depois que definimos a viagem a Las Vegas cerca de um mês antes, confirmei a suposição óbvia de que o país foi feito para motoristas individuais. Pegar um ônibus em Las Vegas para alguma cidade próxima do Grand Canyon e utilizar o transporte local mostrou-se um pouco difícil demais. Explico.


O Grand Canyon tem basicamente três pontos de visitação: a borda oeste (West Rim), a borda norte (North Rim) e a borda sul (South Rim). A oeste tem a vantagem de ser mais próxima de Las Vegas mas ela mostra apenas um pedacinho do parque e está nas mãos dos índios. As bordas norte e sul é que mostram os canyons em larga escala, sendo a mais visitada a sul. Existem hoteis dentro do parque, mas a oferta é pequena, e em Tusayan, que é uma cidadezinha bem perto do parque, a cerca de 10 minutos. Depois dela, só Flagstaff, que já fica a mais de uma hora do parque.  Há cerca de um mês da viagem, achei que a opção mais confortável e mais em conta seria ficar em Tusayan.

É possível pegar ônibus da empresa Greyhound de Las Vegas para Flagstaff e de lá pegar um transfer (para o parque? para Tusayan?), mas as informações eram poucas e não muito claras na internet, fiquei ainda na dúvida se ainda haveria disponibilidade (por ser baixa temporada) ou se os intervalos entre os ônibus não seriam grandes demais. Fora que todo dia teria de ir de Tusayan para o parque, além deste ser grande e exigir deslocamento interno de grandes distâncias. Somando o fato de aluguel de carro ser barato nos EUA, logo cheguei à conclusão que era melhor ir dirigindo mesmo.

Utilizei o site da Rentalcars, com o qual deu tudo certo, mas tem tantos outros sites pra alugar carro que acho que vc pode entrar em todos os sites e comparar se tiver tempo e saco. Tentei ver as mais em conta e depois entrar diretamente no site da locadora, mas no site de cada locadora ficou mais caro do que no site comparativo. Teve apenas um site que entrei que estava bem mais em conta que os demais (infelizmente não lembro agora o nome), mas estranhei a relativamente boa diferença de preço e, vendo os comentários (em sites tipo Tripadvisor), existiam poucos que falavam bem da empresa e outros que, ainda que não falassem mal, levantavam suposições de realmente estar abaixo do valor de mercado, ser arriscado e palpitar que os bons comentários poderiam ser falsos. Não quis arriscar e realmente não sei se era enganação, mas recomendo sempre olhar os comentários de quem utilizou tanto a locadora quanto a empresa intermediária.

A primeira preocupação minha foi que lá o carro mais barato e simples tem câmbio automático. Enquanto a maioria poderia vibrar (como todos a quem comuniquei fizeram), eu me amedrontei (confesso que só um pouco), já que não queria que minha primeira experiência com câmbio automático fosse no exterior. Pois fiz uma aulinha só de direção com o carro automático na véspera de viajar e digo que foi suficiente. É muito fácil dirigir com esse tipo de carro e uma aula só é o bastante para apresentar os controles diferentes daqueles do carro manual.

Alugamos um carro econômico. Além de ser o mais em conta, eu acreditava que o carro menor seria mais fácil para minhas mãos inexperientes manobrarem. Pois lá tivemos de incrementar o carro para um "midsize" devido às duas malas de tamanho médio que, segundo o locatário, não caberiam no fundo do carro econômico. Não sei se o midsize é o segundo em tamanho (não seria o compacto?) e se o valor do carro não teria sido mais em conta se tivéssemos escolhido direto do site (eu havia visto os valores dos três mais baratos praticamente iguais, mas permaneci com a opção mais simples baseada no tamanho do carro mais fácil pra mim). Isso aumentou o valor do aluguel em U$93, 47% a mais do que o valor previamente estipulado. Eu já havia lido sobre as manobras de algumas empresas, inclusive da Álamo, que foi a que alugamos, de "empurrar" alguns produtos para o cliente na hora da locação. Se foi, não conseguimos evitar, mas até que foi bom no final das contas, porque as nossas malas (depois das compras) realmente ficaram apertadas no midsize, imagine no econômico! Acho que é algo que devo melhorar com a experiência, esse sentimento de ter sido ou não enganado/manipulado. O certo é que devo escolher uma outra opção antes da locação e não deixar essa possibilidade para a hora considerando os tamanhos de malas que levaremos.

As locadoras de carro em Las Vegas localizadas no aeroporto não ficam na verdade no aeroporto. Todas ficam reunidas num só lugar, próximo ao aeroporto, um pouco mais ao sul. Existe um ônibus (shuttle) que leva do aeroporto para esse local e vice-versa. Não sei a frequencia exata, mas digo que ela é alta, foi só a gente chegar e já estava saindo um nas duas vezes que pegamos. Dentro do prédio vc localiza a sua locadora, acerta tudo e é direcionado para um pátio de estacionamento; cada área é de uma locadora. No caso da Álamo, até tinham algumas pessoas para recepcionar mas elas não ajudam muito; quando perguntamos, fomos direcionados para a área dos midsize ("lá perto do Chevy vermelho"). Eu já tinha passado pela situação alguns anos antes e, por isso, já estava um pouco preparada, mas mesmo assim a gente estranha. É que nos EUA todos os carros têm a chave na porta, vc escolhe qual vc quer e, pronto, é só sair dirigindo! O meu esposo não acreditava naquilo, afinal, como podíamos escolher qualquer um e sair andando! Cadê alguma burocracia pra pegar o carro? Ninguém checa a condição do carro nem nada. Escolhemos um Golf preto, levamos todo o tempo do mundo pra arrumar nossas coisas e só, é vc sair, passar pela catraca de saída, mostrar os documentos da locação e do carro e pronto.

O Golf é um ótimo carro, avisava da temperatura, de risco de derrapagem na pista por possível presença de gelo (a gente não viu nenhum, mas a mensagem apareceu quando a temperatura chegou a 3-2,5ºC) e um bando de outras coisas que a gente não costuma ver no Brasil (acho que só os carros muito bons, nem o Corolla do meu pai era igual a ele).


Parte da estrada próxima ao Hoover Dam: estradas retas e largas e nem tanto tráfego.


Caminho entre Tusayan e o Parque do Grand Canyon.


Estrada na região de Sedona, Arizona.

Dirigir nos EUA foi relativamente tranquilo. As ruas são largas e não tem muito trânsito no geral. Eu peguei apenas quando chegamos do Arizona, no começo da tarde, quando peguei uma saída errada e cai numa série de freeways perto da Strip (a famosa avenida dos cassinos de Las Vegas). Acho que ainda contou o fato de estarmos sem ter como seguir pelo GPS naquele momento (houve um erro no primeiro endereço, ele entendeu que nosso destino era o meio entre as duas saídas, tivemos que colocar outro endereço e até inserir esse outro eu tive que me virar sozinha). Já estreei dirigindo à noite. As estradas são uns retões, mas não tão vazios quanto eu imaginava. Tem vários caminhões, que dirigiam no limite da velocidade (que variou de 60 a 70 milhas/hora) e muitas vezes me ultrapassavam rs. Não há por que se preocupar com falta de posto de gasolina, pelo menos no trecho Las Vegas-Flagstaff. O carro costumava avisar quantas milhas dava pra dirigir com o nível de gasosa e as placas também avisavam algo do tipo "próximo posto em tantas milhas". Vc só deve se atentar porque os postos não ficam do ladinho da estrada, vc geralmente vai ter de pegar uma saída; para voltar à estrada é fácil, porque o posto fica perto. Aliás, se vc nunca alugou carro lá só precisa saber que quem abastece é vc mesmo. Demoramos um pouco para entender como fazer, mas não é difícil. Dá pra pagar com cartão de crédito, débito e $$. Se for em $$, vc tem de pagar na loja de conveniência e avisar qual o número da bomba que vc vai utilizar. O ruim disso é só não saber o valor que enche o tanque. A gente, por exemplo, na primeira vez que foi utilizar , foi só em Tusayan, ou seja, lugar mais distante e, por isso, mais caro. A gente só queria dar um cheirinho de gasolina pra rodar no parque e abasteceria em grande parte quando fosse para perto de Flagstaff, no término do passeio. Resolvemos colocar 30 dólares. Pois encheu quase tudo! Já pensou se tivéssemos colocado mais do que podíamos? E pra encher o tanque na devolução? Colocamos 10, depois mais 10, era até engraçado. Tudo pra não ter de pagar o IOF com o cartão de crédito, levamos tudo em $$ (tópico para outro post...).


A estrada de Las Vegas a Tusayan nos brindou com essa paisagem desértica.



Belas paisagens vistas nas estradas do Arizona.

Aliás, sobre o combustível. Eu me esqueci de perguntar qual era o combustível e na hora de abastecer bateu o medo de colocar o errado. Procuramos no manual, mesmo assim ficamos na dúvida. O dono do posto nos tirou: segundo ele, somente os caminhões e grandes carros usam diesel, o resto é gasolina. Além disso, segundo o nosso manual, quando é a diesel, a entrada do tanque não permite a colocação da mangueira de gasolina. Fica aí a dica caso alguém passe por situação semelhante. O combustível é vendido a galão e não a litro, o que o torna mais barato. Quando eu fui, na região do sul da Nevada e Arizona, a gasolina variou de U$2,78/galão a U$3,90/galão. O valor mais caro foi em Tusayan, perto do Grand Canyon; os mais em conta foram próximos a cidades com grande tráfego de carros, especialmente no meio do caminho. Em Las Vegas, os valores variaram de U$2,80 a U$3,20/galão. Esses valores foram de outubro-novembro de 2014.


Abastecendo o carro nos Estados Unidos.


Espero que esse post ajude vc que poderia se beneficiar de alugar um carro nos EUA e está inseguro de o fazê-lo. Mais inexperiente do que eu até há mas não muito mais e foi super-positivo o passeio, então vá em frente!

Nenhum comentário:

Postar um comentário