16 de março de 2014

A Cadeira Furada do Papa

Cena de Jeremy Irons como Rodrigo Bórgia sendo submetido à "palpação".

Vc já assistiu à série Os Bórgia?

No primeiro episódio Rodrigo Bórgia se torna o papa Alexandre VI. Antes de assumir o trono, porém, ele deve se submeter a uma inspeção para comprovar que é homem mesmo. Eu nunca tinha ouvido falar de tal procedimento e achei deveras curioso.



No livro Os Papas, de John J. Norwich, descobri um pouco mais sobre o assunto.

Esse ritual nunca foi confirmado pela Igreja, mas existem diversos relatos históricos de como essa história era, pelo menos, considerada verdadeira. Um dos mais jovens cardeais deve proceder à palpação dos testículos do futuro papa e proclamar a sua presença diante de todos os demais. O grande símbolo dessa "palpação" é a cadeira especial na qual se sentam os papas para serem "apalpados": ela teria uma abertura na frente, onde se senta, e teria um espaldar inclinado, preparada, portanto, não para que fosse utilizada para se sentar e realizar atividades manuais ou descanso, mas para facilitar a exposição "das partes de baixo".

Desenho antigo mostrando a "palpação" do papa.


Acredita-se que, das duas cadeiras, uma foi levada por Napoleão para o Louvre, donde não se tem mais notícia; a outra, possivelmente, está no Museu do Vaticano, no Gabinetto delle Maschere.

Cadeira que talvez seja a tal a permitir a "palpação".


Essa provável prática surgiu depois da lenda da papisa Joana. Essa teria sido uma inglesa de Mainz que cultivou diversos conhecimentos na Grécia e ficou muito conhecida por sua erudição. Na sua juventude já havia se disfarçado de homem e, quando posteriormente foi a Roma, acabou por se tornar papa, sendo a sua farsa descoberta quando deu à luz durante uma procissão. O destino da papisa depois disso não foi dos mais felizes e o local do nascimento, entre o Coliseu e a igreja de São Clemente, se tornou um lugar de má sorte, evitada pelos papas seguintes, por muitos anos, em outras procissões.


Imagem da papisa Joana durante o parto.


Joana teria sido papa no período de 855 a 857 e foi um argumento usado na Reforma Protestante contra a Igreja Romana.

A crença atual é de que a papisa Joana não deve ter existido, mas se tornou uma lenda forte na Idade Média com impacto sobre costumes, crenças e práticas, como a tal da cadeira angulada e a palpação testicular dos papas.

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